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Papéis na vida: afinal, quem sou?

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Vivemos papéis complexos na vida. Nossa personalidade apresenta um conjunto de manifestações difíceis de entendermos. Não é fácil ter um correto conhecimento de nós mesmos. Por que fazemos o que não queríamos? Por que não fazemos o que queríamos? O que queremos? Repetimos comportamentos que odiávamos em nosso pai ou mãe? Criticamos o cônjuge por um comportamento que também temos e não percebemos?

As causas de nosso jeito de ser como pessoa são de fontes diferentes. Há o fator genético, hereditário, que pode ir de 30% a 50%. Há o que aprendemos ao copiar o que observamos nas pessoas importantes de nossa infância. Há o jeito individual seu de ser, de estar na realidade da vida, de conectar-se com o mundo das relações sociais. E não há como negar a influência espiritual, não abordada nessa matéria.

Eric Berne, psicólogo canadense, criador da teoria e técnica psicoterápica chamada “Análise Transacional”, descreveu bem os papéis que vivemos na vida, mostrando que podemos estar em certo momento atuando num papel ou “estado pai” (P), em outro momento num “estado adulto”(A) e num terceiro momento num “estado criança”(C). E estes “estados” podem ser vividos de forma adequada ou não pelas pessoas. Como é isso?

Uma mulher muito emocional (a que não consegue pensar primeiro antes de deixar sua emoção empurrá-la para uma atitude) grita lá do banheiro para o marido, sem parar para pensar se ele está concentrado na tarefa em seu computador que exige concentração: “João, veja se o arroz já está cozido!”. Dois segundos depois ela fala com voz estridente: “Ah! Tire a salada da geladeira! Ela está na prateleira de baixo!”, e mais 3 segundos após, enquanto ajeita o cabelo olhando no espelho do banheiro, berra: “Me lembre de ligar para o médico após o almoço!”. E termina com voz irritante: “Ah! Esqueci de dizer que mamãe virá hoje lanchar com a gente de noite!”. Estas atitudes saem do inadequado “estado criança” dela, segundo Eric Berne. A criança e a maioria dos adolescentes agem inconsequentemente, ou seja, não raciocinam bem antes de fazerem o que fazem. Esta mulher, neste momento, vive este papel inconsequente. Pode ser que para ela, inconscientemente, seu marido é alguém que ela tem como garantido e certo que “está lá para ela” o tempo todo, de qualquer jeito, e ela pode invadir a individualidade dele porque nela pode haver a crença de que “o amor permite isso”. Ela pode crer que esta atitude dela de “ele tem que estar aqui na vida para mim” é amor e não dependência imatura, ou seja, atuar inadequadamente no papel “estado criança”. Há maneiras saudáveis de um adulto atuar no “estado criança”. Não é o caso neste exemplo.

Vivemos na vida papéis que podem ser de vítima, comportado, codependente, salvador, histérico, chefe, submisso, santinho, ovelha negra, etc. Saúde mental, maturidade, crescimento como pessoa, depende de progredirmos na visão de nós mesmos, de como e por que nos comportamos desta ou daquela maneira, de nossas incoerências, buscando sempre a verdade para que ela vá acabando com nossas mentiras, e possamos chegar mais perto da autenticidade.

Uma das dificuldades na vida pode ser conviver com pessoas que são muito defensivas, mente fechada, herméticas, com importante dificuldade de refletir, analisar as coisas sob o ponto de vista cognitivo, deixando, pelo menos por uns momentos, as emoções de lado. Talvez viciadas em romance, talvez superficiais, hipersensíveis, que vivem com uma atitude de que alguém precisa “estar lá” para elas, sem saberem separar elas mesmas desta conexão dependente, ainda que possa, ser bem sucedidas economica e profissionalmente.

Outra dificuldade na vida pode ser conviver com pessoas muito racionais, frias, calculistas, que não sabem expressar emoções. Elas passam uma sensação de “não me importo com o que você sente”, embora isto pode ser a dificuldade delas em lidar com sentimentos mais do que frieza afetiva para com o outro. Talvez expressem o afeto através de coisas que faz pelo outro ao invés de por palavras e toques físicos. E se estas vivem mais tempo num “estado pai” inadequado (sérias e racionais demais), imagine como deve ser difícil para as pessoas muito emocionais conviverem com elas!

Assim, na vida cada um vive o papel possível até este momento agora, com as verdades que entende sobre si, com a luz e habilidades que possui. A maneira como somos é o resultado do que fazemos, consciente e inconscientemente, para lidar com nossa dor. Neste sentido, o que somos é a defesa. Somos o que dá para ser nesse momento. Mas o que será ser nós mesmos, autenticamente?

Artigo Papéis na vida: afinal, quem sou? publicado em PortalNatural.com.br.


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